Conversas de Museu

Tributo a José Pracana

CONVERSA DE MUSEU

TRIBUTO A JOSÉ PRACANA

Com Rui Vieira Nery e João Braga

Moderação: Nuno Pacheco


Músico, intérprete, colecionador e investigador, José Pracana (1946-2016) é consensualmente reconhecido como uma das grandes figuras da história do Fado. Amador por convicção, tal estatuto nunca o impediu de acompanhar e de conviver com os grandes pilares da tradição fadista – de Amália Rodrigues a Maria Teresa de Noronha, de Alfredo Marceneiro a João Ferreira Rosa - de actuar em concertos nos vários palcos do mundo de estudar aprofundadamente esta tradição tão profundamente enraizada na nossa sociedade, elevando-a e salvaguardando-a, para memória futura. Ao longo de décadas sucessivas, testemunhou, contribuiu e protagonizou alguns episódios do maior significado para a história do Fado. Foi uma das personalidades mais completas que o Fado conheceu.

Homem de cultura, de permanente abertura ao outro, movia-o o calor do convívio, da taberna ou do salão. A sua humanidade contagiou, da mesma forma, o coração de príncipes e de plebeus. Ciente, tal como Almada, de que a alegria é a coisa mais séria da vida, durante décadas, José Pracana devolveu-nos o mundo num espelho onde nos revíamos, inevitavelmente, mais felizes.


Reza o velho ditado que tão fadista é quem canta o Fado como quem o sente – e eu atrever-me-ia a acrescentar-lhe ainda e como quem o sabe. Se assim é, o meu Amigo Zé Pracana, na sua tripla condição de intérprete inspirado, de amador fervoroso do Fado, e de conhecedor profundo da sua prática e da sua História, e pela forma como estas três facetas nele interagiam de forma inseparável e inimitável, terá sido por certo um dos grandes fadistas que eu conheci.

Rui Vieira Nery


José Pracana prescindiu quase sempre de ser ele mesmo para plasmar uma poderosa personalidade universal que o tornava um ente especial, atraente e inimitável. É a arte de ser toda a gente.

João Braga